Nota de Imprensa
Primeira luz do ESPRESSO — o descobridor de planetas de próxima geração
6 de Dezembro de 2017
O instrumento ESPRESSO (Echelle SPectrograph for Rocky Exoplanet and Stable Spectroscopic Observations) acaba de fazer as suas primeiras observações. Instalado no Very Large Telescope (VLT) do ESO no Chile, o ESPRESSO procurará exoplanetas com uma precisão sem precedentes, ao detectar variações minúsculas na luz das estrelas hospedeiras. Pela primeira vez, um descobridor de planetas poderá combinar a radiação colectada pelos quatro telescópios do VLT.
O ESPRESSO, instalado no Very Large Telescope do ESO, viu a sua primeira luz no Observatório do Paranal no norte do Chile [1]. Este novo espectrógrafo echelle de terceira geração é o sucessor do instrumento HARPS do ESO, instalado no Observatório de La Silla. O HARPS, um instrumento de grande sucesso, atinge uma precisão de cerca de um metro por segundo em medições de velocidade, enquanto que o ESPRESSO pretende atingir uma precisão de apenas alguns centímetros por segundo, usando os últimos avanços da tecnologia e tirando partido do facto de estar instalado num telescópio muito maior.
O cientista principal do ESPRESSO, Francesco Pepe da Universidade de Genebra, na Suíça, explica a importância do instrumento: “O sucesso agora conseguido é fruto do trabalho de muitas pessoas ao longo de 10 anos. O ESPRESSO não é apenas fruto da evolução de instrumentos anteriores, como o HARPS, mas será verdadeiramente transformador devido às suas resolução e precisão muito mais elevadas. E, contrariamente a instrumentos anteriores, poderá explorar o poder colector total do VLT — uma vez que pode ser utilizado com o conjunto dos quatro Telescópios Principais do VLT, que simulam assim um telescópio de 16 metros de diâmetro. O ESPRESSO será um instrumento inigualável durante, pelo menos, uma década. Por tudo isto, guardo impacientemente a descoberta do nosso primeiro planeta rochoso!”
O ESPRESSO pode detectar variações minúsculas no espectro das estrelas à medida que os seus planetas as orbitam. Este método das velocidades radiais funciona bem porque a atração gravitacional de um planeta influencia a sua estrela hospedeira, fazendo com que esta “oscile” ligeiramente. Quanto menos massivo for o planeta, menor será esta oscilação, por isso, para que possamos detectar exoplanetas rochosos capazes de suportar vida tal como a conhecemos, necessitamos de um instrumento de muito alta precisão. Com este método, o ESPRESSO será capaz de detectar alguns dos planetas mais leves alguma vez encontrados [2].
As observações de teste incluiram observações de estrelas e sistemas planetários conhecidos. Comparações feitas com dados HARPS existentes, mostraram que o ESPRESSO consegue obter dados de qualidade semelhante para tempos de exposição muito menores.
O cientista do instrumento, Gaspare Lo Curto (ESO), está radiante: ”Trazer o ESPRESSO até aqui foi um feito extraordinário; tratou-se do trabalho conjunto de um consórcio internacional, para além de muitos grupos diferentes do ESO: engenheiros, astrónomos e administração. Foi preciso não só instalar o espectrógrafo propriamente dito, mas também a sua óptica extremamente complexa, que combina a radiação colectada pelos quatro Telescópios Principais do VLT.”
Apesar do objetivo principal do ESPRESSO ser levar a procura de planetas ao próximo nível, ao encontrar e caracterizar planetas menos massivos e as suas respectivas atmosferas, o instrumento terá também muitas outras aplicações. Será a ferramenta mais potente para testar se as constantes físicas da natureza variaram desde a altura em que o Universo era jovem. Tais variações pequenas estão previstas em algumas teorias da física fundamental, mas nunca foram observadas de forma convincente.
Quando o Extremely Large Telescope do ESO estiver operacional, o instrumento HIRES, que se encontra atualmente em estudo, poderá detectar e caracterizar exoplanetas ainda mais pequenos, de tamanho semelhante à Terra, assim como estudar as atmosferas de exoplanetas com o intuito de detectar sinais de vida em planetas rochosos.
Notas
[1] O ESPRESSO foi concebido e construído por um consórcio composto por: Observatório Astronómico da Universidade de Genebra e Universidade de Berna, Suíça; INAF–Osservatorio Astronomico di Trieste e INAF–Osservatorio Astronomico di Brera, Itália; Instituto de Astrofísica de Canarias, Espanha; Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, Universidades do Porto e Lisboa, Portugal; e ESO. Os investigadores principais são Francesco Pepe (Universidade de Genebra, Suíça), Stefano Cristiani (INAF–Osservatorio Astronomico di Trieste, Itália), Rafael Rebolo (IAC, Tenerife, Espanha) e Nuno Santos (Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, Universidade do Porto, Portugal).
[2] O método das velocidades radiais permite aos astrónomos medir a massa e a órbita de um planeta. Combinando este método com outros, tais como o método dos trânsitos, podemos inferir ainda mais informação — por exemplo, o tamanho e a densidade do exoplaneta. O rastreio NGTS (Next-Generation Transit Survey), levado a cabo no Observatório do Paranal do ESO, procura exoplanetas deste modo.
Informações adicionais
O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é de longe o observatório astronómico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 16 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça, assim como pelo Chile, o país de acolhimento. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e operação de observatórios astronómicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrónomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronómica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronómico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é um parceiro principal no ALMA, o maior projeto astronómico que existe atualmente. E no Cerro Armazones, próximo do Paranal, o ESO está a construir o European Extremely Large Telescope (E-ELT) de 39 metros, que será “o maior olho do mundo virado para o céu”.
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Stefano Cristiani
INAF–Osservatorio Astronomico di Trieste
Trieste, Italy
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Nuno Santos
Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço and Universidade do Porto
Porto, Portugal
Email: Nuno.Santos@astro.up.pt
Rafael Rebolo
Instituto de Astrofísica de Canarias
Tenerife, Spain
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Gaspare Lo Curto
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Sobre a Nota de Imprensa
Nº da Notícia: | eso1739pt |
Nome: | ESPRESSO |
Tipo: | Unspecified : Technology : Observatory : Instrument |
Facility: | Very Large Telescope |
Instrumentos: | ESPRESSO |