Nota de Imprensa
Imagem ALMA mais detalhada de sempre de um disco protoplanetário
Evidência de formação planetária numa órbita semelhante à da Terra em torno de uma estrela jovem
31 de Março de 2016
Esta nova imagem obtida pelo Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) mostra, com o maior detalhe alguma vez observado, um disco de formação planetária em torno da estrela próxima do tipo do Sol, a TW Hydrae. A imagem revela um espaço vazio no disco, que se encontra à mesma distância da estrela como a Terra se encontra do Sol, o que pode significar que uma versão do nosso planeta, ou possivelmente uma super-Terra mais massiva, se começa a formar nesse local.
A estrela TW Hydrae é um popular alvo de estudo dos astrónomos devido à sua proximidade à Terra (apenas 175 anos-luz de distância) e ao facto de ser uma estrela muito jovem (com cerca de 10 milhões de anos de idade). Em termos de orientação apresenta-se de face quando observada a partir da Terra, o que dá aos astrónomos uma visão rara, não distorcida, do disco protoplanetário completo que a rodeia.
“Estudos anteriores feitos com telescópios ópticos e rádio, confirmaram que a TW Hydrae possui um disco proeminente com estruturas que sugerem fortemente que começa a coalescer,” disse Sean Andrews do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics em Cambridge, Massachusetts, EUA, e autor principal do artigo científico publicado hoje na revista da especialidade Astrophysical Journal Letters. “As novas imagens ALMA mostram o disco com um detalhe sem precedentes, revelando uma série de anéis de poeira brilhantes e espaços escuros concêntricos e incluindo estruturas intrigantes que parecem indicar que um planeta com uma órbita do tipo da Terra se está a formar nesse local.”
Os outros espaços vazios significativos que aparecem nas novas imagens estão situados a três e seis mil milhões de quilómetros da estrela central, o que corresponde às distâncias médias entre o Sol e os planetas Urano e Plutão no nosso Sistema Solar. Também estes espaços são muito provavelmente o resultado de partículas que se juntaram para formar planetas e que seguidamente limparam as suas órbitas da poeira e do gás, levando o restante material para zonas bem definidas.
Para as novas observações da TW Hydrae, os astrónomos fizeram imagens da fraca radiação rádio emitida pelos grãos de poeira do tamanho do milímetro existentes no disco, revelando detalhes da ordem da distância entre a Terra e o Sol (cerca de 150 milhões de quilómetros). Estas observações detalhadas foram possíveis graças à configuração de elevada resolução de longa linha de base do ALMA. Quando as antenas parabólicas do ALMA se encontram na sua separação máxima, até 15 km de distância entre si, o telescópio pode observar imensos detalhes. “Esta é a imagem de maior resolução espacial alguma vez obtida pelo ALMA de um disco protoplanetário e não será fácil conseguir fazer melhor no futuro!” disse Andrews [1].
“A TW Hydrae é muito especial. Tem o disco protoplanetário mais próximo da Terra que se conhece e provavelmente assemelha-se bastante ao Sistema Solar quando este tinha apenas 10 milhões de anos,” acrescenta o co-autor David Wilner, também do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.
Observações anteriores do ALMA de outro sistema, HL Tauri, mostram que discos protoplanetários ainda mais jovens — com um mero milhão de anos — podem apresentar assinaturas semelhantes de formação planetária. Ao estudar o disco mais velho da TW Hydrae, os astrónomos esperam compreender melhor a evolução do nosso próprio planeta e as perspectivas de sistemas semelhantes em toda a Galáxia.
Os astrónomos pretendem agora saber quão comuns serão este tipo de estruturas nos discos em torno de outras estrelas jovens e como é que estes objetos podem variar com o tempo ou com o meio que os envolve.
Notas
[1] A resolução angular das imagens da HL Tauri foi similar à destas novas observações, mas como a TW Hydrae se encontra muito mais próximo da Terra, podemos observar maiores detalhes.
Informações adicionais
Este trabalho foi descrito num artigo científico intitulado "Ringed Substructure and a Gap at 1 AU in the Nearest Protoplanetary Disk", de S.M. Andrews et al., que foi publicado na revista da especialidade Astrophysical Journal Letters.
A equipa é composta por Sean M. Andrews (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Cambridge, Massachusetts, EUA), David J. Wilner (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Cambridge, Massachusetts, EUA) , Zhaohuan Zhu (Princeton University, Princeton, New Jersey, EUA), Tilman Birnstiel (Max-Planck-Institut für Astronomie, Heidelberg, Alemanha), John M. Carpenter (Joint ALMA Observatory, Santiago, Chile), Laura M. Peréz (Max-Planck-Institut für Radioastronomie, Bona, Alemanha), Xue-Ning Bai (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Cambridge, Massachusetts, EUA), Karin I. Öberg (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Cambridge, Massachusetts, EUA), A. Meredith Hughes (Wesleyan University, Van Vleck Observatory, Middletown, EUA), Andrea Isella (Rice University, Houston, Texas, EUA) e Luca Ricci (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Cambridge, Massachusetts, EUA).
O Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), uma infraestrutura astronómica internacional, é uma parceria entre o ESO, a Fundação Nacional para a Ciência dos Estados Unidos (NSF) e os Institutos Nacionais de Ciências da Natureza (NINS) do Japão, em cooperação com a República do Chile. O ALMA é financiado pelo ESO em prol dos seus Estados Membros, pela NSF em cooperação com o Conselho de Investigação Nacional do Canadá (NRC) e do Conselho Nacional Científico da Ilha Formosa (NSC) e pelo NINS em cooperação com a Academia Sinica (AS) da Ilha Formosa e o Instituto de Astronomia e Ciências do Espaço da Coreia (KASI).
A construção e operação do ALMA é coordenada pelo ESO, em prol dos seus Estados Membros; pelo Observatório Nacional de Rádio Astronomia dos Estados Unidos (NRAO), que é gerido pela Associação de Universidades, Inc. (AUI), em prol da América do Norte e pelo Observatório Astronómico Nacional do Japão (NAOJ), em prol do Leste Asiático. O Observatório ALMA (JAO) fornece uma liderança e direção unificadas na construção, gestão e operação do ALMA.
O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é de longe o observatório astronómico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 16 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça, assim como pelo Chile, o país de acolhimento. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e operação de observatórios astronómicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrónomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronómica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronómico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é um parceiro principal no ALMA, o maior projeto astronómico que existe atualmente. E no Cerro Armazones, próximo do Paranal, o ESO está a construir o European Extremely Large Telescope (E-ELT) de 39 metros, que será “o maior olho do mundo virado para o céu”.
Links
Contactos
Sean M. Andrews
Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics
Cambridge, Massachusetts, USA
Email: sandrews@cfa.harvard.edu
Charles Blue
NRAO Public Information Officer
Tel: +1 434 296-0314
Email: cblue@nrao.edu
Richard Hook
ESO Public Information Officer
Garching bei München, Germany
Tel: +49 89 3200 6655
Telm: +49 151 1537 3591
Email: rhook@eso.org
Margarida Serote (Contacto de imprensa em Portugal)
Rede de Divulgação Científica do ESO
e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço,
Tel: +351 964951692
Email: eson-portugal@eso.org
Sobre a Nota de Imprensa
Nº da Notícia: | eso1611pt |
Nome: | TW Hydrae |
Tipo: | Milky Way : Star : Circumstellar Material : Disk : Protoplanetary |
Facility: | Atacama Large Millimeter/submillimeter Array |
Science data: | 2016ApJ...820L..40A |
Our use of Cookies
We use cookies that are essential for accessing our websites and using our services. We also use cookies to analyse, measure and improve our websites’ performance, to enable content sharing via social media and to display media content hosted on third-party platforms.
ESO Cookies Policy
The European Organisation for Astronomical Research in the Southern Hemisphere (ESO) is the pre-eminent intergovernmental science and technology organisation in astronomy. It carries out an ambitious programme focused on the design, construction and operation of powerful ground-based observing facilities for astronomy.
This Cookies Policy is intended to provide clarity by outlining the cookies used on the ESO public websites, their functions, the options you have for controlling them, and the ways you can contact us for additional details.
What are cookies?
Cookies are small pieces of data stored on your device by websites you visit. They serve various purposes, such as remembering login credentials and preferences and enhance your browsing experience.
Categories of cookies we use
Essential cookies (always active): These cookies are strictly necessary for the proper functioning of our website. Without these cookies, the website cannot operate correctly, and certain services, such as logging in or accessing secure areas, may not be available; because they are essential for the website’s operation, they cannot be disabled.
Functional Cookies: These cookies enhance your browsing experience by enabling additional features and personalization, such as remembering your preferences and settings. While not strictly necessary for the website to function, they improve usability and convenience; these cookies are only placed if you provide your consent.
Analytics cookies: These cookies collect information about how visitors interact with our website, such as which pages are visited most often and how users navigate the site. This data helps us improve website performance, optimize content, and enhance the user experience; these cookies are only placed if you provide your consent. We use the following analytics cookies.
Matomo Cookies:
This website uses Matomo (formerly Piwik), an open source software which enables the statistical analysis of website visits. Matomo uses cookies (text files) which are saved on your computer and which allow us to analyze how you use our website. The website user information generated by the cookies will only be saved on the servers of our IT Department. We use this information to analyze www.eso.org visits and to prepare reports on website activities. These data will not be disclosed to third parties.
On behalf of ESO, Matomo will use this information for the purpose of evaluating your use of the website, compiling reports on website activity and providing other services relating to website activity and internet usage.
Matomo cookies settings:
Additional Third-party cookies on ESO websites: some of our pages display content from external providers, e.g. YouTube.
Such third-party services are outside of ESO control and may, at any time, change their terms of service, use of cookies, etc.
YouTube: Some videos on the ESO website are embedded from ESO’s official YouTube channel. We have enabled YouTube’s privacy-enhanced mode, meaning that no cookies are set unless the user actively clicks on the video to play it. Additionally, in this mode, YouTube does not store any personally identifiable cookie data for embedded video playbacks. For more details, please refer to YouTube’s embedding videos information page.
Cookies can also be classified based on the following elements.
Regarding the domain, there are:
- First-party cookies, set by the website you are currently visiting. They are stored by the same domain that you are browsing and are used to enhance your experience on that site;
- Third-party cookies, set by a domain other than the one you are currently visiting.
As for their duration, cookies can be:
- Browser-session cookies, which are deleted when the user closes the browser;
- Stored cookies, which stay on the user's device for a predetermined period of time.
How to manage cookies
Cookie settings: You can modify your cookie choices for the ESO webpages at any time by clicking on the link Cookie settings at the bottom of any page.
In your browser: If you wish to delete cookies or instruct your browser to delete or block cookies by default, please visit the help pages of your browser:
Please be aware that if you delete or decline cookies, certain functionalities of our website may be not be available and your browsing experience may be affected.
You can set most browsers to prevent any cookies being placed on your device, but you may then have to manually adjust some preferences every time you visit a site/page. And some services and functionalities may not work properly at all (e.g. profile logging-in, shop check out).
Updates to the ESO Cookies Policy
The ESO Cookies Policy may be subject to future updates, which will be made available on this page.
Additional information
For any queries related to cookies, please contact: pdprATesoDOTorg.
As ESO public webpages are managed by our Department of Communication, your questions will be dealt with the support of the said Department.