Nota de Imprensa
O ALMA revela locais de construção planetária
Novas evidências apontam para a existência de jovens planetas em discos que rodeiam estrelas jovens
16 de Dezembro de 2015
Com o auxílio do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), os astrónomos obtiveram as mais claras indicações conseguidas até à data de que planetas com várias vezes a massa de Júpiter se formaram recentemente nos discos de gás e poeira que rodeiam quatro estrelas jovens. Medições do gás em torno das estrelas forneceram também pistas adicionais relativas às propriedades destes planetas.
Existem planetas em órbita de quase todas as estrelas, no entanto os astrónomos ainda não compreendem bem como — e sob que condições — é que estes corpos se formam. Para responder a estas perguntas, foi feito um estudo dos discos em rotação de gás e poeira que se situam em torno de estrelas jovens e a partir dos quais se formam os planetas. Como estes discos são pequenos e encontram-se muito distantes da Terra, foi necessário utilizar o ALMA para revelar os seus segredos.
Uma classe especial destes discos, os discos transitórios, possui uma falta surpreendente de poeira nos seus centros, na região em torno da estrela. Duas ideias principais foram adiantadas para explicar estas estranhas cavidades na poeira dos discos. A primeira diz que ventos estelares fortes e radiação intensa poderiam ter soprado para longe ou mesmo destruído o material circundante [1]. Alternativamente, planetas jovens massivos em processo de formação poderão também ter limpo o material à medida que orbitam a estrela [2].
A sensibilidade sem paralelo e a nitidez de imagem do ALMA permitiram a uma equipa de astrónomos, liderada por Nienke van der Marel do Observatório de Leiden, Holanda, mapear de modo muito rigoroso a distribuição do gás e poeira em quatro discos transitórios [3]. Este estudo permitiu à equipa escolher pela primeira vez entre as duas diferentes opções que poderão causar estas cavidades na poeira dos discos.
Estas novas imagens mostram que existem quantidades significativas de gás no interior das cavidades da poeira [4]. No entanto, e para surpresa da equipa, o gás possui também ele uma cavidade, embora esta seja até cerca de três vezes mais pequena que a da poeira.
Este resultado só pode ser explicado pelo cenário de planetas massivos recém formados que limpam o gás à medida que viajam nas suas órbitas, mas que capturam as partículas de poeira mais longe [5].
“Observações anteriores apontavam já para a presença de gás no interior dos espaços vazios de poeira,” explica Nienke van der Marel. “Mas como o ALMA consegue obter imagens do material no disco inteiro com muito mais detalhe do que outras infraestruturas de observação, pudemos excluir o outro cenário alternativo. Os espaços vazios apontam claramente para a presença de planetas com várias vezes a massa de Júpiter, que criam esta espécie de “cavernas” à medida que varrem o disco.”
Surpreendentemente, estas observações foram feitas usando apenas um décimo do atual poder resolvente do ALMA, já que foram executadas quando metade da rede se encontrava ainda em construção no Planalto do Chajnantor, no norte do Chile.
Estudos adicionais são agora necessários para determinar se os discos mais tradicionais também apontam para este cenário de planetas que limpam o disco, embora outras observações já obtidas com o ALMA tenham também entretanto dado aos astrónomos novas pistas sobre o complexo processo de formação planetária.
“Todos os discos transitórios estudados até agora que apresentam estas enormes cavidades na poeira, possuem também cavidades no gás. Por isso, com o ALMA podemos agora descobrir onde e quando é que planetas gigantes se estão a formar nestes discos e comparar estes resultados com os modelos de formação planetária,” diz Ewine van Dishoeck, também da Universidade de Leiden e do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre em Garching [6]. “Detecções planetárias diretas estão já ao alcance dos atuais instrumentos e a próxima geração de telescópios que se encontra atualmente em construção, tal como o European Extremely Large Telescope, poderá ir muito mais além. O ALMA está a dizer-nos para onde é que estes telescópios devem apontar.”
Notas
[1] Este processo, que limpa a poeira e o gás de dentro para fora, é conhecido por fotoevaporação.
[2] Tais planetas são difíceis de observar de forma direta (eso1310) e estudos anteriores nos comprimentos de onda do milímetro (eso1325) não conseguiram mostrar uma vista detalhada do seu interior, i.e da zona onde os planetas se estão a formar, e onde estas diferentes hipóteses poderiam ser testadas. Outros estudos (eso0827) não conseguiram medir a quantidade de gás nestes discos.
[3] Os quatro alvos estudados neste trabalho foram: SR 21, HD 135344B (também conhecido por SAO 206462), DoAr 44 e Oph IRS 48.
[4] O gás presente nos discos transitórios é essencialmente constituído por hidrogénio, sendo este traçado através de observações da molécula de monóxido de carbono — CO.
[5] Este processo de captura da poeira foi explicado numa nota de imprensa anterior (eso1325).
[6] Outros exemplos incluem os discos transitórios da HD 142527 (eso1301 e neste link) e da J1604-2130.
Informações adicionais
Este trabalho foi descrito num artigo científico intitulado “Resolved gas cavities in transitional disks inferred from CO isotopologs with ALMA”, de N. van der Marel, et al., que será publicado em dezembro de 2015 na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics.
A equipa é composta por N. van der Marel (Universidade de Leiden, Leiden, Holanda; Institute for Astronomy, University of Hawaii, Honolulu, EUA), E. F. van Dishoeck (Universidade de Leiden, Leiden, Holanda; Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, Garching, Alemanha), S. Bruderer (Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, Garching, Alemanha), S. M. Andrews (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Massachusetts, EUA), K. M. Pontoppidan (Space Telescope Science Institute, Baltimore, Maryland, EUA), G. J. Herczeg (Universidade de Pequim, Pequim, China), T. van Kempen (Universidade de Leiden, Leiden, Holanda) e A. Miotello (Universidade de Leiden, Leiden, Holanda).
O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é de longe o observatório astronómico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 16 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça, assim como pelo Chile, o país de acolhimento. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e operação de observatórios astronómicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrónomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronómica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronómico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é um parceiro principal no ALMA, o maior projeto astronómico que existe atualmente. E no Cerro Armazones, próximo do Paranal, o ESO está a construir o European Extremely Large Telescope (E-ELT) de 39 metros, que será “o maior olho do mundo virado para o céu”.
Links
Contactos
Nienke van der Marel
Institute for Astronomy, University of Hawaii
Honolulu, USA
Email: nmarel@ifa.hawaii.edu
Ewine van Dishoeck
Leiden Observatory
Leiden, The Netherlands
Tel: +31 71 527 5814
Email: ewine@strw.leidenuniv.nl
Richard Hook
ESO Public Information Officer
Garching bei München, Germany
Tel: +49 89 3200 6655
Telm: +49 151 1537 3591
Email: rhook@eso.org
Margarida Serote (Contacto de imprensa em Portugal)
Rede de Divulgação Científica do ESO
e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço,
Tel: +351 964951692
Email: eson-portugal@eso.org
Sobre a Nota de Imprensa
Nº da Notícia: | eso1549pt |
Nome: | Stars |
Tipo: | Milky Way : Star : Circumstellar Material : Disk |
Facility: | Atacama Large Millimeter/submillimeter Array |
Science data: | 2016A&A...585A..58V |
Our use of Cookies
We use cookies that are essential for accessing our websites and using our services. We also use cookies to analyse, measure and improve our websites’ performance, to enable content sharing via social media and to display media content hosted on third-party platforms.
ESO Cookies Policy
The European Organisation for Astronomical Research in the Southern Hemisphere (ESO) is the pre-eminent intergovernmental science and technology organisation in astronomy. It carries out an ambitious programme focused on the design, construction and operation of powerful ground-based observing facilities for astronomy.
This Cookies Policy is intended to provide clarity by outlining the cookies used on the ESO public websites, their functions, the options you have for controlling them, and the ways you can contact us for additional details.
What are cookies?
Cookies are small pieces of data stored on your device by websites you visit. They serve various purposes, such as remembering login credentials and preferences and enhance your browsing experience.
Categories of cookies we use
Essential cookies (always active): These cookies are strictly necessary for the proper functioning of our website. Without these cookies, the website cannot operate correctly, and certain services, such as logging in or accessing secure areas, may not be available; because they are essential for the website’s operation, they cannot be disabled.
Functional Cookies: These cookies enhance your browsing experience by enabling additional features and personalization, such as remembering your preferences and settings. While not strictly necessary for the website to function, they improve usability and convenience; these cookies are only placed if you provide your consent.
Analytics cookies: These cookies collect information about how visitors interact with our website, such as which pages are visited most often and how users navigate the site. This data helps us improve website performance, optimize content, and enhance the user experience; these cookies are only placed if you provide your consent. We use the following analytics cookies.
Matomo Cookies:
This website uses Matomo (formerly Piwik), an open source software which enables the statistical analysis of website visits. Matomo uses cookies (text files) which are saved on your computer and which allow us to analyze how you use our website. The website user information generated by the cookies will only be saved on the servers of our IT Department. We use this information to analyze www.eso.org visits and to prepare reports on website activities. These data will not be disclosed to third parties.
On behalf of ESO, Matomo will use this information for the purpose of evaluating your use of the website, compiling reports on website activity and providing other services relating to website activity and internet usage.
Matomo cookies settings:
Additional Third-party cookies on ESO websites: some of our pages display content from external providers, e.g. YouTube.
Such third-party services are outside of ESO control and may, at any time, change their terms of service, use of cookies, etc.
YouTube: Some videos on the ESO website are embedded from ESO’s official YouTube channel. We have enabled YouTube’s privacy-enhanced mode, meaning that no cookies are set unless the user actively clicks on the video to play it. Additionally, in this mode, YouTube does not store any personally identifiable cookie data for embedded video playbacks. For more details, please refer to YouTube’s embedding videos information page.
Cookies can also be classified based on the following elements.
Regarding the domain, there are:
- First-party cookies, set by the website you are currently visiting. They are stored by the same domain that you are browsing and are used to enhance your experience on that site;
- Third-party cookies, set by a domain other than the one you are currently visiting.
As for their duration, cookies can be:
- Browser-session cookies, which are deleted when the user closes the browser;
- Stored cookies, which stay on the user's device for a predetermined period of time.
How to manage cookies
Cookie settings: You can modify your cookie choices for the ESO webpages at any time by clicking on the link Cookie settings at the bottom of any page.
In your browser: If you wish to delete cookies or instruct your browser to delete or block cookies by default, please visit the help pages of your browser:
Please be aware that if you delete or decline cookies, certain functionalities of our website may be not be available and your browsing experience may be affected.
You can set most browsers to prevent any cookies being placed on your device, but you may then have to manually adjust some preferences every time you visit a site/page. And some services and functionalities may not work properly at all (e.g. profile logging-in, shop check out).
Updates to the ESO Cookies Policy
The ESO Cookies Policy may be subject to future updates, which will be made available on this page.
Additional information
For any queries related to cookies, please contact: pdprATesoDOTorg.
As ESO public webpages are managed by our Department of Communication, your questions will be dealt with the support of the said Department.