Nota de Imprensa
Crescimento Lento de Galáxias
13 de Outubro de 2010
Novas Observações do Very Large Telescope do ESO forneceram, pela primeira vez, provas directas de que as galáxias jovens podem crescer ao incorporarem gás frio que se encontra ao seu redor, utilizando-o como combustível na formação de muitas estrelas novas. Nos primeiros milhares de milhões de anos depois do Big Bang a massa das galáxias típicas aumentou dramaticamente e compreender porque é que isto aconteceu é um dos actuais problemas da astrofísica moderna. Os resultados saem no número desta semana da revista Nature.
As primeiras galáxias formaram-se quando o Universo tinha menos de um milhar de milhões de anos de idade e era muito mais pequeno do que os sistemas gigantes - incluindo a Via Láctea - que observamos actualmente. Por isso, o tamanho da galáxia média aumentou à medida que o Universo se desenvolveu. As galáxias colidem com alguma regularidade e desse processo resulta a fusão que origina sistemas maiores. Este é, portanto, um mecanismo importante no crescimento das galáxias. No entanto, um modo de crescimento adicional mais suave foi proposto.
Uma equipa de astrónomos europeus utilizou o Very Large Telescope do ESO para testar uma ideia inovadora - a de que galáxias jovens cresceram ao incorporarem correntes frias de gás de hidrogénio e hélio que enchiam o Universo primordial, formando novas estrelas a partir desse material primitivo. Tal como uma empresa comercial pode expandir-se juntando-se a outras companhias ou contratando mais pessoal, também as galáxias jovens poderiam crescer de dois modos diferentes - ou fusionando-se com outras galáxias ou incorporando matéria.
O líder da equipa, Giovanni Cresci (Osservatorio Astrofisico di Arcetri) comenta: “Os novos resultados obtidos com o VLT são a primeira evidência directa de que a adição de gás primordial aconteceu realmente e foi suficiente para dar início a formação estelar vigorosa que, por sua vez, originou o crescimento de galáxias de grande massa no Universo jovem.” A descoberta irá ter certamente um grande impacto na nossa compreensão da evolução do Universo desde o Big Bang até ao presente. As teorias de formação e evolução galáctica poderão ter que ser revistas.
O grupo começou por seleccionar três galáxias muito distantes no intuito de tentar encontrar evidências do fluxo de gás primordial vindo do espaço circundante e da formação de estrelas novas a ele associadas. Houve o cuidado de escolher galáxias que não tivessem sido perturbadas por interacções com outras galáxias. As galáxias escolhidas são discos em rotação muito regulares, semelhantes à Via Láctea, e foram observadas a cerca de dois mil milhões de anos depois do Big Bang (o que corresponde a um desvio para o vermelho da ordem de três).
Nas galáxias do Universo actual, os elementos pesados [1] são mais abundantes perto do centro. Mas quando a equipa de Cresci mapeou as galáxias distantes seleccionadas, com o espectrógrafo SINFONI montado no VLT [2], verificou com entusiasmo que, nos três casos, existia uma zona na galáxia, próxima do centro, com menos elementos pesados, mas que albergava formação estelar intensa, sugerindo assim que o material que origina esta formação estelar estará a vir do gás primordial circundante que é pobre em elementos pesados. Esta foi a melhor prova até agora da existência de galáxias jovens incorporando gás primordial e utilizando-o para formar novas gerações de estrelas.
Tal como Cresci conclui: “Este estudo apenas foi possível graças ao excelente desempenho do instrumento SINFONI montado no VLT, o qual abriu uma nova janela no estudo das propriedades químicas de galáxias muito distantes. SINFONI fornece informação não apenas em duas dimensões espaciais, mas também numa terceira dimensão espectral, a qual permite observar os movimentos internos das galáxias e estudar a composição química do gás interestelar.
Notas
[1] O gás presente no Universo primordial era quase todo hidrogénio e hélio. As primeiras gerações de estrelas processaram este material primitivo criando elementos mais pesados tais como o oxigénio, o azoto e o carbono, através de fusão nuclear. Quando este novo material foi, por sua vez, lançado de novo para o espaço por meio de ventos intensos de partículas vindos de estrelas jovens de grande massa e explosões de supernovas, a quantidade de elementos pesados na galáxia aumentou gradualmente. Os astrónomos referem-se aos elementos diferentes do hidrogénio e hélio como “elementos pesados”.
[2] Ao separar cuidadosamente a radiação ténue que vem duma galáxia nos seus diversos componentes em função da cor, utilizando telescópios potentes e espectrógrafos, os astrónomos conseguem identificar as impressões digitais dos diferentes elementos químicos em galáxias distantes e medir a quantidade de elementos pesados aí presentes. Com o instrumento SINFONI montado no VLT os astrónomos podem obter um espectro individual para cada região dum objecto, o que permite fazer um mapa que mostra a quantidade de elementos pesados presentes em diferentes zonas de uma galáxia, ao mesmo tempo que se pode determinar onde é que a formação estelar se está a processar mais intensamente.
Informações adicionais
Este trabalho foi apresentado num artigo científico “Gas accretion in distant galaxies as the origin of chemical abundance gradients”, por Cresci et al., que sairá no número da revista Nature de 14 de Outubro de 2010.
A equipa é composta por G. Cresci (Osservatorio Astrofisico di Arcetri, Itália), F. Mannucci (Osservatorio Astrofisico di Arcetri, Itália), R. Maiolino (INAF, Osservatorio Astronomico di Roma, Itália), A. Marconi (Universitá di Firenze, Itália), A. Gnerucci (Universitá di Firenze, Itália) e L. Magrini (Osservatorio Astrofisico di Arcetri, Itália).
O ESO, o Observatório Europeu do Sul, é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é o observatório astronómico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 14 países: Áustria, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Itália, Holanda, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronómicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrónomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronómica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronómico, no visível, mais avançado do mundo e o VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio ALMA, o maior projecto astronómico que existe actualmente. O ESO encontra-se a planear o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 42 metros que observará na banda do visível e próximo infravermelho. O E-ELT será “o maior olho no céu do mundo”.
Links
Contactos
Giovanni Cresci
Osservatorio Astrofisico di Arcetri
Italy
Tel: +39 055 275 2230
Telm: +39 335 680 3756
Email: gcresci@arcetri.astro.it
Douglas Pierce-Price
ESO
Garching bei München, Germany
Tel: +49 89 3200 6759
Email: dpiercep@eso.org
Richard Hook
ESO, La Silla, Paranal, E-ELT and Survey telescopes Public Information Officer
Garching, Germany
Tel: +49 89 3200 6655
Email: rhook@eso.org
Margarida Serote (Contacto de imprensa em Portugal)
Rede de Divulgação Científica do ESO
e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço,
Tel: +351 964951692
Email: eson-portugal@eso.org
Sobre a Nota de Imprensa
Nº da Notícia: | eso1040pt |
Tipo: | Early Universe : Galaxy |
Facility: | Very Large Telescope |
Instrumentos: | SINFONI |
Science data: | 2010Natur.467..811C |
Our use of Cookies
We use cookies that are essential for accessing our websites and using our services. We also use cookies to analyse, measure and improve our websites’ performance, to enable content sharing via social media and to display media content hosted on third-party platforms.
ESO Cookies Policy
The European Organisation for Astronomical Research in the Southern Hemisphere (ESO) is the pre-eminent intergovernmental science and technology organisation in astronomy. It carries out an ambitious programme focused on the design, construction and operation of powerful ground-based observing facilities for astronomy.
This Cookies Policy is intended to provide clarity by outlining the cookies used on the ESO public websites, their functions, the options you have for controlling them, and the ways you can contact us for additional details.
What are cookies?
Cookies are small pieces of data stored on your device by websites you visit. They serve various purposes, such as remembering login credentials and preferences and enhance your browsing experience.
Categories of cookies we use
Essential cookies (always active): These cookies are strictly necessary for the proper functioning of our website. Without these cookies, the website cannot operate correctly, and certain services, such as logging in or accessing secure areas, may not be available; because they are essential for the website’s operation, they cannot be disabled.
Functional Cookies: These cookies enhance your browsing experience by enabling additional features and personalization, such as remembering your preferences and settings. While not strictly necessary for the website to function, they improve usability and convenience; these cookies are only placed if you provide your consent.
Analytics cookies: These cookies collect information about how visitors interact with our website, such as which pages are visited most often and how users navigate the site. This data helps us improve website performance, optimize content, and enhance the user experience; these cookies are only placed if you provide your consent. We use the following analytics cookies.
Matomo Cookies:
This website uses Matomo (formerly Piwik), an open source software which enables the statistical analysis of website visits. Matomo uses cookies (text files) which are saved on your computer and which allow us to analyze how you use our website. The website user information generated by the cookies will only be saved on the servers of our IT Department. We use this information to analyze www.eso.org visits and to prepare reports on website activities. These data will not be disclosed to third parties.
On behalf of ESO, Matomo will use this information for the purpose of evaluating your use of the website, compiling reports on website activity and providing other services relating to website activity and internet usage.
Matomo cookies settings:
Additional Third-party cookies on ESO websites: some of our pages display content from external providers, e.g. YouTube.
Such third-party services are outside of ESO control and may, at any time, change their terms of service, use of cookies, etc.
YouTube: Some videos on the ESO website are embedded from ESO’s official YouTube channel. We have enabled YouTube’s privacy-enhanced mode, meaning that no cookies are set unless the user actively clicks on the video to play it. Additionally, in this mode, YouTube does not store any personally identifiable cookie data for embedded video playbacks. For more details, please refer to YouTube’s embedding videos information page.
Cookies can also be classified based on the following elements.
Regarding the domain, there are:
- First-party cookies, set by the website you are currently visiting. They are stored by the same domain that you are browsing and are used to enhance your experience on that site;
- Third-party cookies, set by a domain other than the one you are currently visiting.
As for their duration, cookies can be:
- Browser-session cookies, which are deleted when the user closes the browser;
- Stored cookies, which stay on the user's device for a predetermined period of time.
How to manage cookies
Cookie settings: You can modify your cookie choices for the ESO webpages at any time by clicking on the link Cookie settings at the bottom of any page.
In your browser: If you wish to delete cookies or instruct your browser to delete or block cookies by default, please visit the help pages of your browser:
Please be aware that if you delete or decline cookies, certain functionalities of our website may be not be available and your browsing experience may be affected.
You can set most browsers to prevent any cookies being placed on your device, but you may then have to manually adjust some preferences every time you visit a site/page. And some services and functionalities may not work properly at all (e.g. profile logging-in, shop check out).
Updates to the ESO Cookies Policy
The ESO Cookies Policy may be subject to future updates, which will be made available on this page.
Additional information
For any queries related to cookies, please contact: pdprATesoDOTorg.
As ESO public webpages are managed by our Department of Communication, your questions will be dealt with the support of the said Department.