O cometa C/2024 G3 (ATLAS) mostra a sua cauda

“Os cometas são como os gatos: têm caudas e fazem exatamente o que querem”, escreveu David H. Levy, um astrónomo amador que descobriu 23 cometas. Estes visitantes cósmicos podem, de facto, ser bastante "caprichosos". Nunca sabemos exatamente quanto tempo um cometa estará visível no céu.

No mês de Janeiro, o hemisfério sul acolheu um cometa visitante, o C/2024 G3 (ATLAS). Podemos vê-lo nesta Fotografia da Semana tirada por Juan Beltrán, um dos nossos engenheiros, no dia 20 de Janeiro no Observatório do Paranal do ESO, no Chile. Ainda o ano passado, tivemos também outro cometa a visitar a Sede do ESO em Garching bei München, na Alemanha. Estes cometas não periódicos apenas permanecem nos nossos céus algumas semanas. Se perdermos a oportunidade de os fotografar, a próxima poderá ocorrer só daí a alguns milhares de anos...

À medida que se aproximam do Sol, os cometas aquecem e o gelo que contêm sublima, ou seja, passa diretamente do estado sólido ao estado gasoso, sendo também libertadas partículas de poeira. O vento e radiação solares empurram este gás e poeira na direção oposta à do Sol, criando caudas alongadas. Embora os astrónomos possam calcular e estimar quanto tempo um cometa permanecerá visível no céu, o certo é que, por vezes, estes objetos nos surpreendem, desaparecendo mais cedo do céu ou sobrevivendo relativamente intactos à sua passagem perto do Sol e mostrando ainda a sua cauda típica de gases e poeira.

No caso do C/2024 G3 (ATLAS), essa cauda poderá desaparecer rapidamente. O cometa atingiu o periélio, ou seja, o ponto da sua órbita mais próximo do Sol, no dia 13 de Janeiro de 2025. Nessa altura, estava apenas a 13 milhões de km de distância da nossa estrela. Agora está a afastar-se do Sol e temos pistas que nos sugerem que o núcleo poder-se-à ter fragmentado, embora a sua cauda ainda esteja visível. Se se encontrar no hemisfério sul, pode ainda tentar observá-lo a oeste, depois do Pôr do Sol; caso contrário, veja as nossas webcams!