Um roubo astrofísico

Esta Fotografia da Semana mostra uma pequena parte do enxame Hydra I, que contém centenas de galáxias. Cada uma delas tem as suas particularidades e a sua história — hoje, no entanto, concentramo-nos na história da NGC 3312, a maior galáxia espiral conhecida deste enxame.

Esta galáxia espiral, situada mesmo no centro da imagem, aparece-nos como uma grande mancha no ecrã, derramando o seu conteúdo para o meio circundante, "vítima de um roubo astrofísico" levado a cabo por um fenómeno conhecido como varrimento por pressão dinâmica.

Este fenómeno ocorre quando uma galáxia se move através de um fluido denso, como é o caso do gás quente que existe entre as galáxias que compõem um enxame. Este gás quente roça-se contra o gás mais frio que se encontra nas regiões mais exteriores das galáxias, “puxando-o” para fora e provocando a sua fuga para o exterior galáctico. Este gás frio é a matéria prima a partir da qual se formam as estrelas, o que significa que as galáxias que perdem gás desta maneira correm o risco de ir ficando com uma população estelar cada vez menor. As galáxias afetadas, normalmente as que estão a cair em direcção ao centro do enxame, tendem a formar longos filamentos de gás atrás de si, e é por isso que lhes damos a alcunha de galáxias alforreca.

Este é apenas um dos muitos processos astronómicos que tornam as imagens do Universo tão variadas e cativantes. Que outras histórias estarão à espera de ser contadas sobre as centenas de manchas que vemos nesta imagem?