Escondido nos Andes chilenos

O panorama do planalto do Chajnantor domina esta Fotografia da Semana. Situado a uma altitude de cerca de 5000 metros nos Andes chilenos, este planalto é um dos lugares mais secos do planeta — desafiante para os homens mas perfeito para as observações astronómicas.

Esta paisagem de cortar a respiração é o local de acolhimento do Atacama Pathfinder Experiment (APEX), a estrutura branca que vemos no centro da imagem. Inaugurado em 2005, o APEX é um radiotelescópio de 12 metros de diâmetro, que estuda o Universo distante, frio e poeirento e que é operado pelo ESO em prol do Instituto Max Planck de Rádio Astronomia (MPIfR).

Se olharmos para o fundo da imagem, na direção das montanhas distantes, vemos um grupo de pontos brancos, que são, na realidade, as 66 antenas de alta precisão do ALMA, o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, operado pelo ESO em conjunto com os seus parceiros internacionais. Tal como o APEX, as antenas do ALMA observam os objetos mais frios do Universo, tais como enormes nuvens de gás e poeira com temperaturas de apenas algumas dezenas de graus acima do zero absoluto. Estas antenas trabalham em conjunto como se de uma só se tratassem, o que equivale a trabalhar com uma enorme antena “virtual”, capaz de observar pequenos detalhes.

Mas por que é que construímos estes instrumentos tão avançados num local tão remoto, escondido no deserto chileno? Os sinais emitidos pelas fontes frias do Universo são altamente absorvidos pelo vapor de água existente na atmosfera da Terra. É por isso que o APEX e o ALMA se situam num local tão alto e seco: para minimizar a quantidade de vapor de água por cima deles e assim detectarmos melhor estes sinais.