Fotografia da Semana 2025

17 de Março de 2025: Os quatro lasers do Very Large Telescope (VLT) do ESO apontam para o coração da Via Láctea nesta Fotografia da Semana, onde vemos também a noite estrelada interrompida pelo brilho vertical da luz zodiacal. Esta luz é criada por grãos de poeira do Sistema Solar e é tão ténue que só conseguimos observá-la nos céus mais escuros da Terra, como é o caso dos do deserto chileno do Atacama. O céu noturno imaculado desta região esteve sempre ligado à cultura e às tradições dos seus povos indígenas. A chakana, ou cruz andina, é um símbolo recorrente nas culturas andinas. Com a forma de uma cruz quadrada escalonada, a chakana representa quatro escadas ou pontes que levam aos níveis superiores da cosmovisão andina. Para o povo Mapuche do centro-sul do Chile, o céu é o Wenu mapu, uma terra de bondade e ordem habitada por divindades, antepassados e espíritos benignos. O ...

10 de Março de 2025: Nesta fotografia panorâmica do Observatório do Paranal do ESO, tirada no início de Fevereiro, os planetas parecem desfilar uns atrás dos outros no céu noturno. Para além da Lua, da nossa Via Láctea e do cometa C/2024 G3, podemos ver também Saturno, Vénus, Júpiter, Marte e, até mesmo, Neptuno e Úrano! Nas noites em que alguns dos planetas estão visíveis, conseguimos frequentemente traçar no céu noturno uma linha recta imaginária que passa por todos eles, e isto porque as suas órbitas estão relativamente alinhadas ao longo de um único plano chamado eclíptica. (Na realidade, os planetas não se encontram alinhados uns atrás dos outros no Sistema Solar, mas estão antes espalhados; no entanto, e ainda assim, podemos vê-los em simultâneo no céu, o que só acontece de poucos em poucos anos). Na imagem, podemos ver que os planetas não se situam na banda da Via Láctea e que a linha ...

3 de Março de 2025: Com exceção de ir ao espaço propriamente dito, provavelmente não nos sentiremos muito mais perto das estrelas do que no topo destas escadas no Observatório do Paranal do ESO. A 2635 metros (mais uns cerca de vinte degraus) acima do nível do mar, no deserto chileno do Atacama, observamos no céu uma enorme quantidade de estrelas, muitas das quais se encontram escondidas quando tentamos observá-las a partir doutros locais, e isto porque o Paranal possui os céus mais escuros e límpidos de todos os grandes observatórios existentes à superfície da Terra. Assim de repente, o centro da Via Láctea parece ter-se transformado num dragão que cospe fogo. No entanto, a única coisa que observamos nesta Fotografia da Semana é, de facto, a pura beleza do céu noturno. Esta trata-se apenas de mais uma noite normal para o Very Large Telescope (VLT) do ESO, instalado no Paranal. Os feixes amarelos brilhantes ...

24 de Fevereiro de 2025: No ano passado, o Extremely Large Telescope (ELT) do ESO registou progressos notáveis. Nesta Fotografia da Semana, recuamos no tempo para ver até onde chegou já o ELT. Inicialmente, vemos apenas uma cúpula de aço esquelética que, ao longo do ano, vai sendo gradualmente coberta com uma camada brilhante de revestimento protetor termicamente isolante. Painel a painel, a enorme estrutura de 80 metros de altura e 93 metros de largura vai sendo embrulhada num "cobertor quente" de alumínio e outros reguladores térmicos. Esta cobertura ajudará a manter o ar no interior à temperatura prevista para a noite seguinte, para além de proteger o telescópio da areia e pó resultantes do ambiente agreste do deserto chileno do Atacama. Mas não é tudo, pois este timelapse mostra também os progressos efetuados na construção da estrutura principal do ELT. Crescendo como um grande cristal branco no centro da cúpula, esta peça gigantesca, leve ...

17 de Fevereiro de 2025: Esta Fotografia da Semana mostra a NGC 3640, uma galáxia elíptica invulgar situada a cerca de 88 milhões de anos-luz de distância da Terra. A imagem, obtida com o VLT Survey Telescope (VST) instalado no Observatório do Paranal do ESO, revela um conjunto de galáxias de todas as formas e tamanhos, onde vemos, no meio de toda esta vizinhança cósmica colorida e para além da NGC 3640 que nos chama imediatamente a atenção, um objeto que se destaca em particular: uma galáxia mais pequena que parece estar demasiado perto da NGC 3640 para o seu conforto. Ao longo da sua vida extremamente longa, as galáxias vão-se modificando. À medida que se deslocam no espaço, estes objetos celestes podem "roubar" gás e estrelas a outras galáxias, ou mesmo engoli-las e fundir-se com elas. No seguimento destes eventos, as galáxias ficam muitas vezes distorcidas, como é o caso da NGC 3640 e ...

10 de Fevereiro de 2025: Esta Fotografia da Semana mostra o progresso da construção do Extremely Large Telescope (ELT) do ESO, à luz do pôr do Sol no deserto chileno do Atacama. Vista de cima, a estrutura de altitude do ELT chama claramente a atenção. A estrutura em treliça que vemos em baixo trata-se da célula de suporte do espelho primário de 39 metros do ELT, o maior espelho de telescópio alguma vez construído. A luz colectada por este espelho gigante será enviada para o espelho secundário do telescópio, colocado no anel central que vemos no topo da imagem, voltando depois a descer através da torre central do ELT e passando sucessivamente pelos três espelhos adicionais, M3, M4 e M5, antes de chegar aos instrumentos científicos situados na parte lateral do telescópio. À primeira vista, sem pessoas à escala para podermos comparar, a estrutura de aço pode parecer não muito grande, no entanto, só a ...

3 de Fevereiro de 2025: “Os cometas são como os gatos: têm caudas e fazem exatamente o que querem”, escreveu David H. Levy, um astrónomo amador que descobriu 23 cometas. Estes visitantes cósmicos podem, de facto, ser bastante "caprichosos". Nunca sabemos exatamente quanto tempo um cometa estará visível no céu. No mês de Janeiro, o hemisfério sul acolheu um cometa visitante, o C/2024 G3 (ATLAS). Podemos vê-lo nesta Fotografia da Semana tirada por Juan Beltrán, um dos nossos engenheiros, no dia 20 de Janeiro no Observatório do Paranal do ESO, no Chile. Ainda o ano passado, tivemos também outro cometa a visitar a Sede do ESO em Garching bei München, na Alemanha. Estes cometas não periódicos apenas permanecem nos nossos céus algumas semanas. Se perdermos a oportunidade de os fotografar, a próxima poderá ocorrer só daí a alguns milhares de anos... À medida que se aproximam do Sol, os cometas aquecem e o gelo que ...

29 de Janeiro de 2025: Haverá uma teia invisível de matéria escura à nossa volta? Apesar da sua influência poder ser observada em todo o cosmos, a teia permanece essencialmente invisível. Esta Fotografia da Semana mostra a imagem mais nítida de sempre de um filamento da teia cósmica, obtido com o Very Large Telescope (VLT) do ESO e que nos aparece aqui a roxo sobreposto a uma imagem de fundo capturada pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA. Constituído de gás aglomerado por influência gravitacional da matéria escura, este filamento estende-se ao longo de 3 milhões de anos-luz, ligando duas galáxias distantes do Universo primordial. Cerca de 85% de toda a matéria do Universo é, na realidade, matéria escura. Esta matéria é invisível, mas o gás que a rodeia não o é. No entanto, este gás brilha de forma extremamente ténue, o que torna estas estruturas muito difíceis de observar. Apesar disso, após cerca de 150 ...

20 de Janeiro de 2025: Nesta Fotografia da Semana, tirada na Sede do ESO na Alemanha, vê-se o primeiro de 9 novos lasers que estão atualmente a ser construídos para duas das infraestruturas do Observatório do Paranal do ESO, no deserto chileno do Atacama. Mas porque é que os telescópios precisam de lasers? Não é para disparar aos extraterrestres, com certeza. Os lasers fazem parte do sistema de óptica adaptativa dos telescópios. Uma vez que os observatórios do ESO estão colocados no solo, a turbulência da atmosfera terrestre pode desfocar a nossa visão do cosmos e, com óptica adaptativa, podemos eliminar esta desfocagem em tempo real. O laser cria uma estrela artificial ao excitar átomos de sódio na atmosfera, a cerca de 90 km de altitude. Um computador mede a forma como a atmosfera distorce a luz desta estrela e orienta um espelho deformável do telescópio para a compensar. O resultado é a obtenção de ...

13 de Janeiro de 2025: Durante muito tempo, a comunidade astrónomica pensou que as nuvens superiores de Júpiter, que criam as icónicas bandas castanhas claras do planeta, eram compostas de amoníaco gelado. No entanto, um novo estudo, que juntou astrónomos amadores e profissionais, mostrou que estas nuvens estão na realidade situadas mais baixo na atmosfera do que pensávamos e são feitas de algo completamente diferente: muito provavelmente hidrossulfureto de amónio misturado com neve tóxica. O astrónomo amador Steve Hill já tinha mostrado que conseguia mapear a atmosfera de Júpiter usando apenas filtros coloridos especiais no seu pequeno telescópio colocado no quintal. Estes resultados forneceram pistas iniciais de que as nuvens estariam demasiado profundas na atmosfera quente do planeta para serem consistentes com uma composição de gelo de amoníaco. Para verificar este facto, Hill juntou-se a Patrick Irwin, da Universidade de Oxford, cuja equipa tinha já utilizado o instrumento MUSE, montado no Very Large Telescope (VLT) ...

6 de Janeiro de 2025: Os astrónomos concentram a sua atenção sobretudo no céu, mas às vezes também vale a pena olhar para o planeta que nos rodeia. À noite, o céu estrelado que cobre o deserto chileno do Atacama prende toda a nossa atenção, mas assim que a paisagem árida volta a estar iluminada pelo Sol, outras maravilhas saltam-nos imediatamente aos olhos. Esta Fotografia da Semana, por exemplo, poderia facilmente figurar numa revista de viagens. Foi tirada do Pukará de Quitor, uma fortaleza de pedra construída há vários séculos pela comunidade de Licán Antai, também conhecida por Atacameños. Situa-se próximo de San Pedro de Atacama, não muito longe do local onde está instalado o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), a rede de rádio telescópios que o ESO opera juntamente com os seus parceiros internacionais. Nesta imagem, o arco da fortaleza enquadra o vulcão Licancabur, que se ergue junto à fronteira entre o Chile e ...