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Os primeiros segmentos do maior espelho de telescópio do mundo têm uma nova superfície brilhante
14 de Março de 2024
A construção do Extremely Large Telescope (ELT) do ESO no deserto chileno do Atacama atingiu um novo marco: os engenheiros do Observatório do Paranal do ESO colocaram uma camada refletora e brilhante, bem como sensores especiais, nos primeiros segmentos do espelho primário do telescópio. Com este revestimento, os segmentos estão agora essencialmente prontos para começar a observar os céus assim que forem instalados no coração do maior telescópio óptico do mundo, ainda durante esta década.
O espelho primário de 39 metros do ELT do ESO, conhecido como M1, será o maior espelho alguma vez fabricado para um telescópio. Demasiado grande para ser constituído por uma única peça de vidro, será composto por 798 segmentos hexagonais de vidro-cerâmica, cada um com uma dimensão de 1,5 metros e uma espessura de cerca de 5 centímetros. Os segmentos de espelho estão a ser fabricados na Europa em diversos países e em várias etapas. No início deste ano, os primeiros 18 atravessaram o oceano até ao Paranal, sendo o revestimento o próximo passo na sua viagem — um marco que três segmentos já alcançaram.
O revestimento de um segmento do espelho M1 é um processo complexo que demora cerca de duas horas. Para além de uma camada refletora, que utiliza 1,7 gramas de prata, o revestimento inclui camadas adicionais de níquel-crómio e nitreto de silício para melhorar a aderência ao espelho e proteger a prata de manchas. No total, o revestimento tem uma espessura de cerca de 120 nanómetros, ou seja, é cerca de mil vezes mais fino do que um cabelo humano.
Para poderem funcionar em conjunto como se de um único espelho se tratassem, todos os segmentos serão equipados com sensores que detectam desalinhamentos. Além de revestirem os primeiros segmentos do M1, os engenheiros do ESO instalaram também os chamados sensores de borda, dois de cada lado de cada segmento, e integraram a eletrónica e os suportes mecânicos necessários para o seu funcionamento. Finalmente, foram realizadas inspeções e verificações para garantir que os segmentos estão prontos a ser instalados no ELT do ESO. Todo o processo decorre dentro de uma "sala limpa" — onde o número de partículas no ar é cuidadosamente controlado para evitar contaminação — nas Instalações Técnicas do ELT no Paranal.
Os procedimentos de revestimento e integração serão repetidos para todos os outros segmentos do M1. Assim, era fundamental testar e documentar meticulosamente todo o processo para os primeiros segmentos, garantindo-se deste modo uma operação mais acelerada para os novos segmentos que forem chegando ao Paranal.
Quando o telescópio estiver operacional, o processo de revestimento será repetido em cada segmento a cada 18 meses, garantindo-se assim uma melhor refletividade e sensibilidade. Na prática, isto significa que dois segmentos irão ser revestidos todos os dias durante todo o tempo de vida do telescópio. Para facilitar este processo e minimizar perturbações associadas nas observações científicas, estão a ser fabricados 133 segmentos adicionais, para além dos 798 necessários para o espelho. O maior olho do mundo virado para o céu está preparado para enfrentar os maiores desafios astronómicos da nossa época, prometendo descobertas revolucionárias após a sua primeira luz antes do final desta década.
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Bárbara Ferreira
ESO Media Manager
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