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Duas décadas de descobertas com o Interferómetro do Very Large Telescope do ESO: Feliz aniversário VLTI!

29 de Outubro de 2021

Faz hoje vinte anos que se combinou pela primeira vez a luz colectada por dois dos Telescópios Principais de 8,2 metros do Very Large Telescope (VLT) do ESO no Observatório do Paranal no Chile. Este evento marcou o momento histórico em que estes telescópios operaram pela primeira vez como um verdadeiro interferómetro, dando assim início a uma nova era da astronomia.

Quando os raios de luz de dois dos Telescópios Principais do VLT foram combinados na noite de 29 de Outubro de 2001, o VLTI não só iniciou com sucesso as suas operações, mas também obteve os seus primeiros resultados científicos: a medição do tamanho da estrela austral Achernar, que se descobriu ser aproximadamente dez vezes maior que o nosso Sol. Seguiram-se mais três noites de observações científicas, durante as quais o VLTI demonstrou o seu excelente potencial para medir mais dez estrelas, tendo obtido de forma notável a primeira observação interferométrica da intrigante estrela Eta Carinae.  

O conceito do VLTI tinha sido já demonstrado alguns meses antes, a 17 de Março de 2001, na noite em que a luz de outra estrela, a brilhante Sirius, foi colectada e combinada com dois pequenos telescópios (chamados sideróstatos), especialmente construídos para as fases iniciais de testes do VLTI.

A combinação da luz colectada pelos sideróstatos, e posteriormente pelos Telescópios Principais do VLT, foi apenas o início da viagem do interferómetro. O VLTI pode também operar com os quatro Telescópios Auxiliares amovíveis de 1,8 metros (AT), que ficaram prontos entre 2004 e 2006. Em Fevereiro de 2005, foi combinada pela primeira vez a luz colectada por dois destes telescópios, marcando-se assim outro momento importante na vida do interferómetro. Os Telescópios Auxiliares combinam a luz que colectam de maneira semelhante aos Telescópios Principais, embora exista uma diferença importante: os ATs podem ser deslocados para (até) 30 posições diferentes ao longo da plataforma do Paranal, o que oferece todo um novo conjunto de configurações interferométricas que permitem ao VLTI atingir o seu potencial observacional máximo.

Integrar a radiação colectada pelos telescópios do VLT, quer os Principais quer os Auxiliares, permite ao VLTI atuar como um único instrumento “virtual” com um diâmetro tão grande quanto a distância entre os telescópios individuais (chamada “linha de base”). O interferómetro está atualmente a operar com linhas de base que vão até aos 140 metros, dependendo da posição dos ATs. Quando a luz de dois dos Telescópios Principais foi inicialmente combinada em Outubro de 2001, a linha de base era de cerca de 102 metros, o que permitiu ao VLTI ver detalhes na superfície de Achernar com uma resolução espacial equivalente a ver um carro de 4 metros de comprimento na superfície da Lua. A resolução do VLTI, juntamente com a capacidade individual dos telescópios em capturar luz, fazem do VLTI um dos mais poderosos interferómetros ópticos existentes à face da Terra.

Graças ao seu extremo nível de detalhe, o VLTI do ESO tem contribuído para muitos áreas de investigação na astronomia durante estas duas décadas de atividade. Trabalhos de investigação levados a cabo com dados do VLTI deram origem a mais de 450 artigos científicos desde 2002. Entre vários resultados revolucionários incluem-se: as observações que levaram à atribuição do Prémio Nobel da Física de 2020 de estrelas em órbita do buraco negro supermassivo situado no centro da Via Láctea, ​​a primeira observação direta de um exoplaneta com interferometria óptica, a imagem de maior resolução do sistema estelar Eta Carinae, a detecção de luz exozodiacal, a melhor imagem de sempre da superfície e atmosfera de uma estrela e a imagem mais nítida de um disco de poeiras em torno de uma estrela envelhecida.

O VLTI do ESO não poderia ter obtido todos estes resultados notáveis sem o seu complemento de instrumentos de vanguarda, incluindo os atualmente em operação — PIONIER, GRAVITY e MATISSE — que viram a sua primeira luz entre 2010 e 2018.

Links

Contactos

Antoine Mérand
VLTI Programme Scientist
European Southern Observatory
Garching bei München, Alemanha
Tel: +49 89 3200 6630
Email: amerand@eso.org

Bárbara Ferreira
ESO Media Manager
Garching bei München, Alemanha
Tel: +49 89 3200 6670
Email: press@eso.org

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Imagens

Vista aérea da plataforma de observação
Vista aérea da plataforma de observação
Sequência temporal de franjas de Achernar
Sequência temporal de franjas de Achernar
Foco no VLT
Foco no VLT
Panorâmica do laboratório do VLTI
Panorâmica do laboratório do VLTI